ESG nos Investimentos: Lucro e Impacto Positivo Caminham Juntos

ESG nos Investimentos: Lucro e Impacto Positivo Caminham Juntos

Nos últimos anos, testemunhamos uma transformação profunda no mundo financeiro. O conceito ESG, que une fatores ambientais, sociais e de governança, deixou de ser apenas uma opção ética para se tornar uma estratégia central de investimento.

Neste artigo, exploramos como o mercado ESG brasileiro está crescendo, proporcionando rentabilidade e contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país.

Crescimento do Mercado ESG no Brasil

O setor de fundos ESG no Brasil registrou um avanço notável em 2025, com o patrimônio sob gestão atingindo R$ 34 bilhões em maio de 2025. Esse patamar reflete um crescimento de 28% no acumulado do ano, superando amplamente a performance da indústria de fundos tradicional.

Mesmo em um contexto geopolítico conturbado, com retrocessos em agendas sustentáveis em outras economias, o Brasil manteve um ritmo de captação líquida de R$ 6,22 bilhões nos primeiros cinco meses de 2025. Esse movimento demonstra que investidores locais e internacionais valorizam cada vez mais a combinação entre retorno financeiro e compromisso socioambiental.

Classificação e Desempenho das Categorias ESG

Atualmente, existem 193 fundos ESG ativos no país, divididos em duas categorias principais:

  • 127 fundos IS, que têm compromisso formal com objetivos sustentáveis e seguem políticas claras de exclusão e engajamento
  • 66 fundos ESG-related, que incorporam fatores ESG de maneira menos estruturada, mas ainda buscam reduzir riscos associados a práticas controversas

Na análise de longo prazo, entre abril de 2022 e maio de 2025, os fundos IS de ações valorizaram 41%, e os ESG-related subiram 31,7%. Em contrapartida, a indústria geral de fundos de ações brasileira apresentou apenas 21,9% de valorização, reforçando que no longo prazo, ESG supera o mercado.

Mudança no Perfil de Alocação de Ativos

Até 2022, a maior parte do capital ESG era direcionada a fundos de ações. No entanto, no atual cenário de juros elevados e busca por segurança, houve uma migração significativa para renda fixa.

Esse deslocamento enfatiza a importância de avaliar o perfil de risco e o horizonte de investimento. Investidores conservadores encontram agora oportunidades de retorno ajustado ao ESG sem abrir mão de previsibilidade de fluxo.

Captação Líquida e Fluxo de Recursos

A captação líquida de R$ 6,22 bilhões em 2025 mostra que o apetite por produtos sustentáveis continua alto. Desse total, R$ 6,6 bilhões foram direcionados a fundos IS, enquanto os ESG-related registraram saída de R$ 400 milhões. Essa dinâmica aponta para a consolidação dos fundos com políticas ESG mais robustas como preferência dos investidores.

Para quem almeja diversificação, esses números ressaltam a necessidade de analisar não apenas a performance histórica, mas também o compromisso do gestor com práticas de sustentabilidade e transparência.

Estratégias de Integração ESG

Os gestores de fundos IS utilizam diversas abordagens para integrar critérios ESG. A mais difundida é o negative screening, aplicada por 94% dos fundos, que exclui setores como armamentos, carvão e tabaco, além de práticas de trabalho infantil, forçado e corrupção.

Além disso, métodos como best-in-class, que seleciona empresas líderes em cada setor, e valuation ajustado, que considera riscos ESG na precificação, vêm ganhando força. Essas estratégias permitem equilibrar risco e retorno e maximizar o impacto positivo.

Critérios Ambientais, Sociais e de Governança

Detalhando as métricas adotadas pelos fundos IS:

  • Critérios ambientais: incorporados em 57% do patrimônio, com foco em mudança climática e emissões de gases de efeito estufa
  • Critérios sociais: avaliam diversidade, inclusão e impacto comunitário, presentes em 43% dos ativos
  • Critérios de governança: aplicados por 44% dos fundos, medindo transparência, remuneração executiva e independência de conselhos

Esses indicadores são fundamentais para monitorar a consistência das práticas corporativas e mitigar riscos não financeiros que podem afetar o desempenho das empresas.

Desafios Ambientais e Comportamento do Investidor

Apesar de o Brasil destinar apenas 0,26% do orçamento federal ao meio ambiente, o mercado privado tem assumido protagonismo na busca por soluções. Cerca de 88% dos investidores afirmam ter aumentado o uso de informações ESG ao tomar decisões, o que evidencia uma mudança comportamental significativa no setor.

No entanto, ainda enfrentamos desafios graves: a poluição do ar causa cerca de 51 mil mortes prematuras por ano, e menos de 53% do esgoto gerado no país é tratado. Esses problemas reforçam a urgência de direcionar recursos para projetos de infraestrutura verde, saneamento e conservação dos biomas brasileiros.

Impacto Positivo na Sociedade e no Meio Ambiente

Exemplos práticos ilustram como o capital ESG pode gerar benefícios tangíveis. Fundos de infraestrutura sustentável têm financiado usinas de energia solar e eólica em regiões remotas, promovendo desenvolvimento econômico local. Já programas de inclusão social apoiados por investidores têm ampliado o acesso a crédito para pequenos produtores rurais.

Essas iniciativas mostram que, além de potencializar ganhos financeiros, o investimento responsável pode transformar realidades e construir legados duradouros.

Oportunidades para Investidores Individuais

Para o investidor pessoa física, a entrada no universo ESG pode ocorrer de forma gradual. Existem opções como ETFs temáticos, fundos de crédito sustentável e plataformas digitais que permitem avaliar relatórios de impacto e ratings de sustentabilidade.

Ao escolher um fundo ESG, é recomendável analisar:

  • A clareza das políticas de exclusão e engajamento
  • O histórico de performance alinhado a crises e ciclos de mercado
  • O grau de transparência em relatórios de impacto e auditorias independentes

Com essas práticas, o investidor garante que seus objetivos financeiros estejam sincronizados com valores de responsabilidade socioambiental.

Conclusão e Perspectivas para o Futuro

O mercado ESG no Brasil demonstra que rentabilidade e propósito socioambiental podem caminhar lado a lado. As estratégias diversificadas, o aquecimento da renda fixa sustentável e o envolvimento crescente dos investidores desenham um cenário de oportunidades.

Ao direcionar recursos para fundos com políticas robustas de ESG, cada aporte se converte em incentivo para práticas empresariais responsáveis e mitigação de desafios globais.

Investir em ESG é contribuir para um legado positivo e colher resultados financeiros consistentes. O momento é agora: alinhe seu portfólio a valores que transformam o mercado e a sociedade.

Por Bruno Anderson

Bruno Anderson